domingo, 15 de maio de 2011

Relato de Parto da Márcia, nascimento da Guilhermina, escrito pela Doula



Eu conheci a Márcia através da minha comunidade do Orkut Grávidas e Mamães da Zona Norte, ela mora bem próximo à minha casa, logo começamos a conversar. A Márcia estava tendo dificuldades para encontrar uma boa opção
para parir, pois seu convênio médico não iria cobrir o parto por causa da carência. Ela fazia pré-natal com o Dr. Alberto Jorge, mas era inviável pensar em pagar o hospital particular mais o médico e a equipe. Pensamos na Casa de Parto, mas ainda não era isso que ela queria. O namorado da Márcia, Alexandre, então, sugeriu que ela parisse em casa! Passei para ela alguns números de telefones das parteiras que eu conheço e ela se identificou de imediato com a Ivanilde Rocha! A Ivanilde foi super atenciosa com ela durante o final da gestação, as duas estavam sempre se comunicando e a Ivanilde sempre ligava para saber como ela estava, além dos truques dos quais só uma boa parteira experiênte sabe: cházinho pra tosse, iogurte pra conjuntivite.
Quando a Márcia me contou que havia optado pelo parto domiciliar, eu não pude acreditar e quis muito fazer parte do momento, para ajudá-la e para saber como as coisas funcionam em um parto em casa. Nos conhecemos pessoalmente, conversamos durante algumas horas e fechamos a "parceria".
Todos os dias a Márcia ia me contando pelo msn como estavam as coisas, se estava tendo contrações, se a tosse havia passado. Na segunda-feira, dia 09 de Maio, ela me contou que havia feito um exame de toque no consultório do Dr. e que estava com 1cm de dilatação. Passei os dias da semana dormindo bem, me alimentando bem, esperando a Márcia ligar, imaginando que seria de madrugada, como sempre. Na sexta-feira, fui resolver algumas pendências com o meu marido, acordei logo cedo e fomos dormir tarde. Mal fechei os olhos e o meu celular tocou, às 3:00h da manhã. Eu já sabia que era a Márcia, pulei da cama, acordei o meu marido e pedi que ele me levasse até lá. Em 30 minutos eu estava lá, encontrei a Márcia caminhando pela casa, de pijamas, enquanto o Alexandre estava tranquilo, ouvindo rádio, cuidando das coisas. Eles haviam deixado tudo pronto no quarto: aquecedor ligado, cama forrada com lençóis descartáveis, outros materiais separados no berço, sacos de lixo, toalhas.

Enchi a bola e ficamos conversando enquanto a Ivanilde estava à caminho. Uma hora depois, a Ivanilde chegou, cheia de malas, acompanhada por uma aluna do curso de enfermagem, a Monique, que acompanhava os partos com ela. A Ivanilde ficou com a mão na barriga da Márcia durante dez minutos para sentir a frequência das contrações, enquanto ela caminhava e conversávamos e auscultou os batimentos do bebê. A Ivanilde sugeriu que ela fizesse exe
rcícios na bola enquanto o Alexandre sentava-se atrás dela e fazia massagens na lombar.
Às 5:30, a Ivanilde perguntou à Márcia se ela gostaria de fazer um exame de toque. Ela concordou e fomos para o quarto onde a Ivanilde fez o toque e constatou dilatação de 4cm e aproveitou para fazer uma amnioscopia para saber se o líquido amniótico da bolsa das águas estava claro e sem mecônio. Estava tudo bem com a neném e fomos tomar um café da manhã. O Alexandre havia deixado tudo preparado: chá, pães, bolachas, bolos...hummm...se estivessemos na maternidade, estaríamos todas famintas e com sono! Comemos e conversamos, a Márcia se alimentou muito bem e já estava começando a sentir as contrações mais próximas e doloridas.
Às 8:00h, achamos melhor que a Márcia tirasse um cochilo. Fiquei com ela no quarto enquanto ela tentava dormir e todos foram dormir também. A Ivanilde estava sem sono, então, trocamos: eu fui dormir e ela cuidou da Márcia, fez com que ela caminhasse e ficasse de cócoras nas contrações.
Às 9:00h, eu acordei e fiquei um tempo com a Márcia, fazendo massagens, caminhadas e exercícios na bola. Após algumas horas, às 11:30, a Ivanilde perguntou à Márcia se ela gostaria de fazer outro exame de toque e ela aceitou. No exame, a Ivanilde constatou 6cm de dilatação e, ao auscultar os batimentos da neném, eles estavam a 120 batimentos por minutos, não é pouco, mas é bem no limite entre o segurou e o arriscado, então, a Ivanilde perguntou à Márcia se ela
autorizaria a ruptura artificial da bolsa das águas para que ela tivesse certeza de que não havia mecônio no líquido e que a neném não o aspirasse, caso esse fosse o motivo

dos batimentos estarem relativamente mais baixos do que o normal. A Márcia autorizou, não havia mecônio, ficamos mais tranquilos. Ela queria ficar no chuveiro por causa da sensação incômoda do líquido escorrendo, mas também já estava com fome de novo, então, preferiu ir tomar outro café da manhã! Passamos mais algumas horas na cozinha, conversando, as contrações estavam mais próxi
mas e doloridas, mas a fome da Márcia era maior do que a dor!
Por volta das 13:00h, a Márcia foi para o chuveiro, onde ficou acocorada. Ela já estava caminhando rumo à partolândia e já não queria mais que fizéssemos massagem ou que falássemos com ela. O Alexandre ficou fazendo companhia para ela, sentado em um banquinho, em frente ao box do banheiro. A Márcia estava sentindo bastante dor e até chorava de vez em quando. Fazíamos o possível para confortá-la, nos revezamos para fazer companhia para ela. Quando ela saiu do chuveiro, por volta das 15:30h, a Ivanilde fez uma manobra no quadril da Márcia para que ajudasse a bebê a descer. Deixamos a luz apagada, ela teve liberdade para ficar na posição que desejasse, no chão do quarto e até mesmo sentada no vaso sanitário. Almoçamos e a Ivanilde sugeriu outro exame de toque e a Márcia, que já estava na partolândia, aceitou. Foi constatado 8cm de dilatação. A Márcia almoçou bastante e voltou para o chuveiro.
Algumas horas depois, novo exame de toque e novamente 8cm. Como a Márcia já estava acordada há 36 horas e o trabalho de parto ainda poderia levar muitas horas, a Márcia concordou e tentou cochilar novamente. O Alexandre ficou do lado dela e nós começamos a preparar tudo para o expulsivo, panos quentes, água quente, coisa de filme mesmo!


A Márcia ficou mais um tempos tentando encontrar a posição ideal, ajoelhava-se no chão, na cama, ia ao vaso sanitário, nos revezamos para fazermos companhia para ela, eu e a Monique, que era muito meiga e gentil, ajudou bastante a manter a calmaria da Márcia. Aguardamos pacientemente a Márcia sentir os puxos involuntários. Conseguimos conversar um pouquinho enquanto esperávamos as contrações voltarem a ser eficazes. A Ivanilde sugeriu que o Alexandre sentasse na cama e que a Márcia o abraçasse enquanto sentia os puxos, ajoelhada na cama. Todos posicionados, câmeras na mão, e o período expulsivo começou: com apenas algumas forças, nasceu Guilhermina, branquinha de vérnix, com um pouquinho de mecônio no nariz. A Márcia sentou-se na cama, pegou a Guilhermina nos braços, e a Ivanilde ficou preocupada e achou melhor aspirá-la para garantir que ela não tivesse aspirado, mas, pela posição através da qual ela nasceu, ela não havia aspirado. O casal namorou a Guilhermina bastantão, enquanto era realizada a expulsão da placenta que saiu facilmente em poucos minutos. Coloquei a Guilhermina no peito da Márcia para que ela mamasse e ela se esbaldou! A Ivanilde e a Monique dela cantaram uma música linda em homenagem a neném, que ficou tranquilíssima no colinho macio da mamãe, não chorou e nem reclamou!
Arrumamos a bagunça, limpamos tudo e aconchegamos a Márcia na cama, com a neném do lado, mamando deitadinha. A Ivanilde verificou se estava tudo bem com a neném, a pesamos e a vestimos. Trouxemos um suco para a Márcia tomar e tiramos muitas fotos.


Missão cumprida! Guilhermina nasceu às 18:23 do dia 14/05/2011!

Parto domiciliar é uma experiência incrível, a liberdade, o aconchego, a preocupação primária com o bem-estar da parturiente, tudo do jeito que eu sonhei. Sem dúvidas, recomendo o parto domiciliar à todas as gestantes!

Fonte: Blog da Doula Pris Rezende

Nenhum comentário:

Postar um comentário