Por Dra. Melania Maria Ramos de Amorim MD, PhD 
“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico  ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece  uma via ecológica e sustentável para o futuro”
(Ricardo Herbert Jones)
(Ricardo Herbert Jones)
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| Ana Paula Caldas, médica neonatologista, em seu parto domiciliar, imediatamente depois do nascimento de Lis - Foto: Ana Cristina Duarte | 
Quando  começamos a escrever esta coluna para o Guia do Bebê, em 2010, nosso  primeiro artigo abordou um assunto que começava então a despertar o  interesse da mídia brasileira: o parto domiciliar (1). Na oportunidade,  revisamos as evidências científicas disponíveis e concluímos que o parto  domiciliar, uma realidade frequente em outros países, como Holanda,  Inglaterra e Canadá, representava uma alternativa segura para as  gestantes de baixo risco, resultando em menor taxa de intervenções como  episiotomia, analgesia, operação cesariana e parto instrumental (fórceps  e vácuo-extrator), sem aumento do risco de complicações para mães e  bebês (2-4). Destacamos a publicação, em 2009, de um grande estudo de  coorte comparando mais de 500.000 partos domiciliares ou hospitalares  planejados em gestantes de baixo risco, no qual não se verificou  diferença significativa no risco de morte fetal intraparto, morte  neonatal precoce e admissão em unidade de terapia intensiva (UTI)  neonatal (4). 
Interrompendo temporariamente nossa série de  artigos sobre Parto Normal vs. Cesárea (5-7), voltamos agora a abordar  este tema, que recentemente retoma a atenção da mídia despertando  intensa polêmica, depois da publicação de matéria online no site da  maior revista de atualidades brasileira, com o título sensacionalista  “Parto domiciliar: quando o risco não é necessário” (8). Depois de  publicar uma controvertida matéria sobre os milagrosos efeitos de uma  medicação antiobesidade (9) que não é aceita pela comunidade científica  com esta finalidade (10,11) a revista volta a fazer incursões na área de  saúde, mas desta vez em paz com os “conselhos de medicina”, ao alertar  que o parto domiciliar estaria expondo mulheres e crianças a  “complicações que podem ser graves” (8).
À parte considerações  puramente semânticas às quais não iremos nos ater, a matéria presta um  desserviço à população com suas afirmações categóricas e sem embasamento  científico, em que se confundem mau jornalismo e julgamentos  apressados, além de um amontoado de lugares-comuns, como exemplificado  no seguinte trecho do primeiro parágrafo: “Depois da revolução pela qual  a medicina passou no século 20, hospitais tornaram-se lugares mais  seguros e indicados não só para tratamento de doentes, como para o  nascimento de crianças. É regra que, dadas as condições, não faz mais  sentido realizar um parto dentro casa, sujeito a problemas com  consequências potencialmente desastrosas que poderiam ser resolvidas em  um hospital. Regra, no entanto, que algumas mulheres moradoras de  grandes centros urbanos, com todas as condições de usufruir desses  avanços da medicina, questionam e ignoram. Essas mulheres defendem o  parto à moda antiga, dentro de casa.”(8)
Ora, quem ditou essa  regra que as transgressoras “moradoras de grandes centros urbanos”  resolvem agora “questionar e ignorar”, defendendo o “parto à moda  antiga”? Por que a revista afirma que hospitais são os “lugares mais  seguros e indicados não só para tratamento de doentes, como para o  nascimento de crianças”? Por que os representantes de conselhos e  sociedades batem tanto na tecla de “riscos eminentes”? Seriam os riscos  tão importantes assim ou foi somente um erro de grafia? E finalmente,  quais são as reais implicações do artigo publicado por Joseph Wax (12)  no “conceituado periódico médico internacional”, o American Journal of  Obstetrics and Gynecology (AJOG)? 
Vamos por partes. Primeiro, é  fato que houve grandes avanços na Medicina durante o século XX e que,  por conta destes avanços, verificou-se notável queda da mortalidade  materna e perinatal. Em decorrência da antissepsia e da descoberta de  antibióticos, a par da introdução das modernas técnicas anestésicas,  tornou-se mais seguro realizar uma cesariana, e é fato inconteste que  uma cesariana bem indicada é salvadora (13,14). Transfusão sanguínea,  uso de antibióticos, prevenção e tratamento das convulsões com sulfato  de magnésio, todas essas tecnologias bem empregadas levaram à redução  das mortes maternas por hemorragia, infecção e hipertensão e são  estratégias que devem estar facilmente disponíveis nos serviços de saúde  para as situações de alto risco (15). No entanto, taxas de cesariana  superiores a 15%-20% não resultam em redução das complicações e da  mortalidade materna e neonatal e, ao contrário, podem estar associadas a  resultados prejudiciais tanto para a mãe como para o concepto (16-18).
Por  outro lado, o processo de hospitalização do parto, coincidindo com  esses avanços, gerou infelizmente uma elaborada proliferação de ritos e  rituais em torno deste evento fisiológico, como alerta Robbie  Davis-Floyd em seu instigante livro “Birth as an American Rite of  Passage”(19). Esses ritos e rituais adotados pelo modelo tecnocrático de  assistência ao parto vigente no mundo ocidental foram introduzidos sem  evidências científicas corroborando sua efetividade e vieram como  “respostas ao medo exagerado deste processo natural do qual depende a  continuidade de nossa existência” (19). Como resultado, intervenções e  procedimentos desnecessários como episiotomia (corte no períneo),  raspagem dos pelos, lavagem intestinal, uso rotineiro de ocitocina para  acelerar o trabalho de parto e cesarianas sem indicação foram  progressivamente incorporados à prática médica e ainda seguem sendo  realizados como rotina em muitos hospitais brasileiros. De fato, cada  parturiente internada em hospital passa a ser vista como “paciente” e  submetida, portanto, às “regras” desse hospital para todos os  “doentes”(20) . 
Foi contra essa medicalização excessiva de um  processo fisiológico que os movimentos de contracultura se voltaram nos  anos 1960 e 1970, e foi como consequência da pressão desses movimentos  que se começou a estudar a real necessidade, segurança e efetividade de  muitos dos procedimentos estabelecidos como rotina na prática obstétrica  diária (21). O novo paradigma da “Saúde Baseada em Evidências” ,  iniciando-se na Medicina e avançando progressivamente para outras áreas  que passam a se integrar em uma perspectiva transdisciplinar, tem seus  pilares na década de 1970 e 1980 exatamente na Saúde Materno-Infantil  (22), como resposta aos questionamentos sobre o complexo emaranhado de  rituais desnecessários permeando a assistência obstétrica e neonatal  (19-22).
O movimento de retorno ao que se chama “parto à moda  antiga” não é novo nem representa um modismo, e tampouco pretende  abdicar do que a tecnologia tem de positivo e atraente, uma vez que  intervenções necessárias são bem vindas. Todos os sistemas de saúde que  facultam a opção de partos domiciliares como alternativa para as  mulheres que assim o desejam contam com sistemas de classificação de  risco e disponibilizam não apenas parteiras treinadas como um bom  sistema de transferência e transporte, embora não seja verdade que uma  ambulância ou UTI móvel fique à porta desses domicílios (2-4). A  Organização Mundial de Saúde reconhece como profissionais habilitados  para prestar assistência ao parto tanto médicos como  enfermeiras-obstetras e parteiras (23) e recomenda que as mulheres podem  escolher ter seus partos em casa se elas têm gestações de baixo-risco,  recebem o nível apropriado de cuidado e formulam planos de contingência  para transferência para uma unidade de saúde devidamente equipada se  surgem problemas durante o parto (24,25). Por sua vez, a Federação  Internacional de Ginecologistas e Obstetras (FIGO) recomenda que "uma  mulher deve dar à luz num local onde se sinta segura, e no nível mais  periférico onde a assistência adequada for viável e segura” (26). Tanto o  American College of Nurse Midwives(27) como a American Public Health  Association(28), o Royal College of Midwives (RCM) e o Royal College of  Obstetricians and Gynaecologists (RCOG) apoiam o parto domiciliar para  mulheres com gestações não complicadas. De acordo com a diretriz do RCM e  do RCOG, “não há motivos para que o parto domiciliar não seja oferecido  a mulheres de baixo risco, uma vez que pode conferir consideráveis  benefícios para estas e suas famílias” (29).
O que há de novo nos  últimos anos é que o tema passou a ter maior visibilidade no Brasil, não  somente com a divulgação dos partos domiciliares de algumas  celebridades, mas principalmente com o constante debate nas redes  sociais, permitindo que as mulheres compartilhassem suas experiências de  parto, domiciliar ou hospitalar, e pudessem compará-las. Tornou-se  bastante evidente que havia uma parcela crescente de mulheres  insatisfeitas com o atual modelo de assistência obstétrica em nosso  país, excessivamente tecnocrático e caracterizado por um lado pelas  taxas de cesárea inaceitavelmente elevadas no setor privado e, por  outro, pelos partos traumáticos e com excesso de intervenções no Sistema  Público de Saúde. Apesar da política de Humanização da Assistência ao  Parto e Nascimento preconizada pelo Ministério da Saúde no Brasil (30), é  fato que o modelo atual, hospitalocêntrico e medicalocêntrico, não  permite ainda à maior parte das usuárias ter uma assistência ao parto  humanizada e segura. Vivemos ainda em um país onde, "quando não se corta  por cima, se corta por baixo", como bem definem Diniz e Chachan,  referindo-se às cesáreas e episiotomias desnecessárias (31). 
Para  completar, uma em cada quatro mulheres brasileiras internadas para  assistência ao parto em hospitais públicos ou privados relata ter  sofrido violência institucional, traduzida por qualquer forma de  agressão perpetrada pelos profissionais de saúde que lhe prestam  atendimento. Essas agressões não envolvem apenas o uso de procedimentos,  técnicas e exames dolorosos e desnecessários, mas até “ironias, gritos e  tratamentos grosseiros com viés discriminatório quanto a classe social  ou cor da pele” (32). A violência institucional durante o parto pode  assumir múltiplas facetas e representa um problema internacionalmente  reconhecido (33). Em diversos hospitais ainda não se permite a presença  do acompanhante, mesmo com a Lei 11.108 estabelecendo a obrigatoriedade  de tanto hospitais públicos como privados permitirem a presença, junto à  parturiente, de um acompanhante durante todo o trabalho de parto, parto  e pós-parto imediato (34).
Em contrapartida, com o crescente  acesso à informação e a divulgação da realidade nua e crua do modelo de  assistência obstétrica vigente no Brasil, diversas mulheres desejando  uma assistência humanizada e segura para os seus partos puderam  identificar outros modelos possíveis, já implementados e funcionando a  contento em outros países, além de tomar conhecimento das evidências  científicas comprovando efetividade e segurança dessas alternativas. Um  exemplo é o modelo de assistência obstétrica conduzida por obstetrizes  ou parteiras, cujos benefícios foram amplamente demonstrados em uma  revisão sistemática da Biblioteca Cochrane: aqui nos referimos àquelas  profissionais que fazem curso superior de Obstetrícia, as midwives em língua inglesa, sage-femmes na literatura francesa ou ainda comadronas em espanhol (35).
Essas  mulheres, empoderadas e confiantes, não apenas no Brasil, mas também  nos Estados Unidos e outros países em que ainda predomina o modelo  tecnocrático de assistência ao parto, começaram a buscar profissionais,  médicos, enfermeiras-obstetras ou parteiras, que se dispusessem a  auxiliá-las nesta jornada rumo a um parto respeitoso, humanizado e  seguro. Essas mulheres se deram conta de que parir em suas residências  era uma alternativa possível e não apenas luxo, modismo ou  excentricidade de famosas. Essas mulheres pesquisaram, leram e estudaram  as evidências, e conseguiram encontrar como parceiros os profissionais  que também vinham trilhando sua própria jornada transformadora(36),  profissionais que se respaldavam no novo e desafiante paradigma da Saúde  Baseada em Evidências e buscavam, portanto, modelos de assistência ao  parto que funcionassem sob esta perspectiva ecológica e sustentável  (37).
Desta forma, verificou-se um aumento do número de partos  domiciliares assistidos no Brasil e nos EUA (38-40) e, embora não  disponhamos ainda de estatísticas confiáveis sobre o percentual de  partos domiciliares planejados em nosso país, sabe-se que nas grandes  cidades equipes transdisciplinares vêm se formando e atuando para  prestar assistência a esses partos. Depoimentos de mulheres até então  anônimas estão disponíveis em blogs e redes sociais. Grupos e  comunidades sobre Parto Domiciliar discutem abertamente este tema.  Twitter, Orkut e Facebook permitiram a milhares de mulheres trocar  informações e partilhar experiências. O tema é palpitante, a discussão  está no ar e, como se trata de remar contra a corrente, não é de se  admirar que o establishment médico reaja e conselhos e entidades  de classe comecem a se manifestar, em geral com posição contrária à  prática. Esta reação era previsível, assim transcorrem as revoluções  científicas, assim se procedem as mudanças de paradigma: o modelo atual,  embora falido e não sustentável em longo prazo, permite ainda a muitos  profissionais soluções cômodas a que estes se aferram, de dentro de sua  zona de conforto, como a praticidade e a conveniência de programar  cesarianas eletivas sem indicação médica definida. Curiosamente, são  estes os mesmos profissionais que defendem o "direito" da mulher de  escolher sua via de parto, embora aparentemente este direito tenha mão  única, só valha para a minoria de mulheres que desejam uma cesariana (6)  e não inclua aquelas que desejam um parto normal nem tampouco se  estenda para a decisão sobre o local de parto. A voz das mulheres e o  seu direito de escolha têm sido grandemente ignorados (39,41).
Não  é, portanto, surpreendente a publicação de uma matéria sobre este tema  na citada revista de atualidades. Infelizmente, como sói acontecer com  as matérias de interesse à saúde publicadas na referida revista, esta é  tendenciosa, parcial e não considera ou interpreta equivocadamente as  evidências científicas pertinentes. O próprio posicionamento do American  College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) é apresentado de  forma incorreta, porque em sua última diretriz esta sociedade, conquanto  explicite que considera hospitais e centros de parto normal mais  seguros, reconhece o DIREITO das mulheres de escolher o local do parto.  Citando literalmente o resumo da diretriz, publicada em fevereiro de  2011: “Embora o Comitê de Prática Obstétrica acredite que os hospitais e  centros de parto normal sejam os locais mais seguros para o nascimento,  ele respeita o direito de uma mulher de tomar uma decisão medicamente  informada sobre o parto. Mulheres questionando sobre o parto domiciliar  planejado deveriam ser informadas sobre os seus riscos e benefícios  baseados nas recentes evidências. Especificamente, elas deveriam ser  informadas que embora o risco absoluto possa ser baixo, o parto  domiciliar planejado está associado com um risco duas a três vezes maior  de morte neonatal quando comparado com o parto hospitalar planejado. É  importante que as mulheres devam ser informadas que a adequada seleção  de candidatas para o parto domiciliar; a disponibilidade de  enfermeiras-obstetras ou parteiras certificadas, ou médicos atuando  dentro de um sistema de saúde integrado e regulado; o pronto acesso à  consulta; e a garantia de transporte seguro e rápido para os hospitais  mais próximos são críticos para reduzir as taxas de mortalidade  perinatal e obter desfechos favoráveis do parto domiciliar.” (42)
Interessante  é que há cerca de seis meses, outra revista de atualidades, esta  internacional, publicou matéria sobre o parto domiciliar: no número de  31 de março de 2011, “The Economist” aborda o tema em uma bela  reportagem, exemplo de bom jornalismo. Com o título “Não há nenhum lugar  como o lar?” e o subtítulo “O lugar onde as mulheres dão à luz é um  assunto controverso no mundo rico”, a matéria prima pelo senso crítico,  pelo rigor investigativo e pela isenção, apresentando prós e contras e  discutindo o mesmo estudo citado pela revista brasileira, porém com  destaque às críticas que este suscitou na comunidade científica. Ao  final, em vez de fazer terrorismo contra o parto domiciliar e decretar  qual o melhor local de parto para todas as mulheres, uma reflexão  importante: “Como em muitos outros aspectos da criação dos filhos, o  nascimento ao final irá depender da escolha dos pais – se preferem as  luzes brilhantes e a abundância de métodos analgésicos de um hospital ou  os confortos familiares do lar.”(43)
Em relação ao estudo citado  como evidência dos riscos dos partos domiciliares, no qual o ACOG se  apoia para desaconselhar o parto domiciliar, trata-se de uma revisão  sistemática com metanálise (12) que tem sido extremamente criticada  dentro da comunidade científica, por diversos vieses e erros  metodológicos e estatísticos (44-49). Não se trata de um estudo original  nem tampouco inclui ensaios clínicos randomizados, apenas estudos  observacionais que foram mal interpretados e incluídos ou excluídos  arbitrariamente pelos autores nas análises dos desfechos considerados de  interesse (49). Esta metanálise tem sido amplamente divulgada como  "prova" dos riscos perinatais decorrentes de partos domiciliares e  constitui a base para as recomendações do ACOG em relação às informações  que devem ser apresentadas como o “estado da arte” das atuais pesquisas  sobre parto domiciliar (50). Portanto, iremos discuti-la com maiores  detalhes, apresentando uma síntese dos seus resultados e das críticas já  publicadas nas revistas científicas internacionais, motivando até mesmo  a publicação de uma errata reconhecendo erros na análise  estatística(51).
A revisão sistemática de Wax e colaboradores foi  apresentada inicialmente no 30º. Encontro Anual da Sociedade de Medicina  Materno-Infantil de Chicago em fevereiro de 2010, publicada online no  American Journal of Obstetrics and Gynecology em julho de 2010 e na  versão impressa em setembro do mesmo ano (12). A metanálise incluiu 12  estudos originais e um total de 342.056 partos domiciliares e 207.551  partos hospitalares planejados. No resumo do artigo, os autores concluem  que os partos domiciliares planejados se associam com menor risco de  intervenções maternas, incluindo analgesia peridural, monitoração  eletrônica fetal, episiotomia, parto operatório, além de menor  frequência de lacerações, hemorragia e infecções. Dentre os desfechos  neonatais dos partos domiciliares planejados, verificou-se menor taxa de  prematuridade, baixo peso ao nascer e necessidade de ventilação  assistida. No entanto, apesar de as taxas de mortalidade perinatal serem  semelhantes entre partos domiciliares e partos hospitalares, os partos  domiciliares se associaram com aumento de cerca de três vezes das taxas  de mortalidade neonatal. 
O artigo em questão gerou intensa  polêmica na comunidade científica internacional, seguindo-se diversas  cartas publicadas em sequência no próprio AJOG (44,46,47,52), das quais  uma tem o provocativo título “Parto domiciliar triplica a taxa de morte  neonatal: comunicação pública ou má ciência?” (45). Diante de todas as  críticas, o AJOG resolveu investigar o estudo em questão, e a revisão  pós-publicação de fato encontrou erros na análise original, embora não  tenha alterado suas conclusões (51). A própria Nature se interessou pela  questão, porém mesmo solicitando diversas vezes que tanto Wax como o  ACOG comentassem os problemas apontados por vários especialistas, estes  declinaram o convite (53). A Elsevier, editora que publica a revista,  reconhece os erros, mas não acredita que estes possam motivar uma  retratação (54).
Tentando resumir a enorme quantidade de críticas  feitas à metanálise de Wax, podemos afirmar que, à diferença das  revisões sistemáticas da Cochrane, esta não seguiu as diretrizes  estabelecidas internacionalmente para condução e publicação de  metanálise, como o PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic  Reviews and Meta-Analyses) (55) ou o MOOSE (Meta-Analyses and Systematic  Reviews of Observational Studies)(56). Diversos erros estatísticos  foram cometidos, até porque os autores  utilizaram uma calculadora para a metanálise que apresenta vários  problemas, resultando em Odds Ratio e intervalos de confiança  incorretos, o que foi reconhecido pelo próprio autor do  programa (49). No entanto, o principal erro enviesando a análise não foi  estatístico, e sim um viés de seleção dos estudos, porque os autores da  metanálise excluíram o grande estudo de coorte holandês (4) do cálculo  do risco de morte neonatal, embora o tenham incluído no cálculo do risco  de morte perinatal. Na verdade, os dados da metanálise são  contraditórios em relação à morte neonatal e perinatal basicamente  porque os autores definiram morte perinatal como morte fetal depois de  20 semanas ou a morte de um recém-nascido vivo nos primeiros 28 dias de  vida, em vez de nos primeiros sete dias de vida, como é a recomendação  internacional! (57) Por outro lado, outros estudos usados para calcular o  risco de morte neonatal foram incorretamente incluídos e outros que  poderiam ter sido incluídos para o cálculo de morte perinatal foram  excluídos, por razões que não ficam bem claras. Os dados utilizados para  o cálculo de morte neonatal incluíram partos que não tinham sido  assistidos por parteiras ou enfermeiras-obstetras certificadas, o que já  se demonstrou ser fator importante para redução dos riscos (49). Mesmo  revisando os dados e apresentando os gráficos em uma publicação ulterior  na revista com os novos números calculados corretamente (51), isto não  resolve os sérios problemas metodológicos pertinentes à definição de  termos e critérios de inclusão e exclusão (49).
Em suma, como  refere Keirse em seu brilhante artigo publicado na Birth em Dezembro de  2010 (“Home Birth: Gone Away, Gone Astray, and Here To Stay”) “combinar  estudos de parto domiciliar e hospitalar, sem diferenciar o que está  dentro deles, onde eles estão e o que os circunda, é semelhante a  produzir uma salada de frutas com batatas, abacaxi e salsão”. (48)
O  debate em torno do parto domiciliar, não apenas no Brasil mas em todo o  mundo, tem se tornado extremamente polarizado e politizado (48), de  forma que nós não esperamos que essas críticas resolvam a polêmica. De  fato, pode ser difícil gerar recomendações fortes com base em evidências  fracas, oriundas de estudos observacionais, mas o mínimo que  profissionais e sociedades deveriam reconhecer é que também não dispomos  de evidências fortes corroborando a segurança do parto hospitalar para  parturientes de baixo risco e seus neonatos. O desenho de estudo ideal  para avaliar uma prática ou intervenção é um ensaio clínico randomizado,  e metanálises de estudos observacionais, mesmo quando bem conduzidas e  sem erros grosseiros como os encontrados na metanálise de Wax e  colaboradores, não têm o mesmo poder das revisões sistemáticas de  ensaios clínicos randomizados, como aquelas incluídas na Biblioteca  Cochrane.
No entanto, randomizar mulheres para parto domiciliar ou  hospitalar é virtualmente impossível: de acordo com Keirse, essas  mulheres para quem “tanto faz” parir em casa como no hospital seriam tão  raras quanto elefantes brancos (48), mas mesmo que estas mulheres  fossem encontradas, dificilmente as conclusões de um ensaio clínico  randomizado com esta amostra poderiam ser extrapoladas para mulheres  diferentes em situações e contextos clínicos diferentes. Mulheres que  DESEJAM ter seus bebês em casa diferem substancialmente daquelas que  escolhem um parto hospitalar, da mesma forma que os profissionais que  prestam assistência a partos domiciliares ou exclusivamente a partos  hospitalares também são bastante diferentes entre si (48). 
Dentro  do novo paradigma da Pesquisa Translacional, entretanto, em se  considerando a implementação de soluções na “vida real”, dentro de uma  perspectiva de sustentabilidade e em um modelo de atenção centrado no  usuário, é forçoso reconhecer que outros estudos além dos ensaios  clínicos randomizados são necessários, o que desafia a hierarquia  tradicional da qualidade dos estudos (58). Em um ambiente acadêmico  tradicionalmente dominado pelos ensaios clínicos randomizados, desponta a  importância de outras abordagens tipológicas não hierárquicas (59).  Identificar necessidades, aceitabilidade, efetividade e desenvolver  soluções sustentáveis, eis o desafio da pesquisa em Saúde para o século  XXI.
Na prática, devemos considerar que tanto gestantes como  profissionais de saúde têm sempre o mesmo e primaz objetivo de garantir  uma experiência de parto satisfatória, com mãe e bebê saudáveis. Por  outro lado, é um direito reprodutivo básico para as mulheres poder  escolher como e onde irão dar à luz (60,61). Essa escolha deve ser  informada pelas melhores evidências correntemente disponíveis, e essas  evidências sugerem, sem se considerar a metanálise equivocada de Wax,  que o parto domiciliar é uma opção segura para as parturientes de baixo  risco atendidas por profissionais qualificados. Como vantagens em  relação ao parto hospitalar se destacam a menor frequência de  intervenções para a mãe e o conforto e a satisfação das usuárias, que  vivenciam uma experiência única e transformadora em seu próprio lar  (37,39,40) As taxas de mortalidade perinatal e neonatal são semelhantes  àquelas observadas em partos hospitalares de baixo risco (2-4). No  entanto, a decisão final deve se basear tanto nas evidências como nas  características e expectativas das gestantes, bem como na experiência e  qualificação dos prestadores e nas facilidades de acesso aos serviços de  saúde (25,26,28,29).
Mais importante do que criticar as mulheres  que escolhem ter um parto domiciliar e condená-las por estarem  transgredindo uma “regra” imaginária é discutir e implementar  estratégias para aumentar a segurança e a satisfação das usuárias em  TODOS os partos (48). Isto inclui tanto melhorar e humanizar a atenção  hospitalar no sentido de que os partos assistidos em maternidades ou  centros de parto normal possam representar uma experiência gratificante  para as mulheres, como estabelecer diretrizes para a seleção adequada  das candidatas ao parto domiciliar.
Fotografia: Ana Cristina Duarte
Agradecimentos:  Ana Cristina Duarte, Roxana Knobel, Carla Andreucci Polido e Roselene  de Araújo, pelos comentários e sugestões; Ana Paula Caldas, por ter  cedido a foto e pelo exemplo inspirador.
REFERÊNCIAS
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