quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Relato de Parto – Caroline, Petronius e Lourenço

"O processo de ficar grávidos foi muito diferente daquilo que eu tinha imaginado durante toda a vida, momento da nossa vida, longe da família, eu pela primeira vez na vida estava sem trabalhar, ovários policísticos...No segundo mês de tentativa... Beta-HCG>500!!! Uhu!
A gestação foi uma bênção, não tive enjôos, inchaços, como estava em casa tive a oportunidade de me exercitar, cuidar a alimentação, fazer as coisinhas dos bebê e curtir a barriga.
Decidimos que não queríamos saber o sexo do bebê. Desespero da família que além de distante, estava morrendo de curiosidade. Mas eu tinha a certeza que era o meu guri a caminho.
Já havia estudado muito sobre nascimento, parto, esse bichinho da humanização que nos pica e deixa todo o corpo coçando!
Durante a gestação assumimos uma postura de que estava cheia de saúde e de vida. Este nosso posicionamento incomodou muita gente. Porque as pessoas acham que a gente vai parir a qualquer momento. Isso me deixava muito irritada, mas a gente tem que entender que falta muito conhecimento.
Fiz o meu pré-natal com a minha atual GO, Adriana Gomes, em Campinas... mas quando o assunto era o parto humanizado, não era tão humanizado assim.
Bem, fui a vários lugares em Campinas buscando algo mais humanizado: Hospital Metropolitano de Campinas, PUC, Dr. Antonio Júlio. Não contente fui a Casa de Parto da Sapopemba. Bem, estava começando a ficar nervosa, porque já estava com 8 meses e de mudança pra Atibaia e nada definido sobre o nascimento do pimpolho. Se alguma coisa acontecesse eu teria o Lourenço no hospital da Puc com a Adriana...
Nesse interím, contatei a Márcia Koiffmann, e ela disse que não poderia me atender porque já tinha 4 partos para maio, mas me indicou outras parteiras, a Ivanilde e a Vilma.
Acabamos nos acertando com a Ivanilde, que desde o primeiro contato me mostrou muita confiança e tranquilidade. Continuei com o pré-natal em Campinas com a GO e esperando minha hora chegar. Já estava com 37 semanas.
Um dia antes do Lourenço nascer disse ao Petronius que não iria a Campinas, se ele quisesse ir a igreja sem mim, sem problemas... ficamos em casa, fizemos um pic-nic, uns filminhos do lugar onde moramos pro bebê, da Mafalda (nossa cadelinha) correndo atrás das garças... O Petrus disse que eu estava toda esquisita, mais concentrada, quieta, e realmente me despedindo da barriga. Mas eu muito moscona, achei que ia ser pra daqui umas 2 semanas ainda. Tinha até feito uma lista de coisas que tinha que aprontar na segunda-feira.
Fomos dormir cedo! Eu já estava perdendo o tampão, mas achei que ia demorar mais uma semana, no dia seguinte entraria na 40ª. Semana. As 00:30 acordei com uma cólica chata e fui ao banheiro, o tampão descendo. Troquei o absorvente e outras cólicas vieram. Fui pra cozinha contar se eram as contrações. O Petrus já estava de pé, trocando a roupa, arrumando a cama... eu mandei ele dormir de novo, mas ele já estava esquentando água pra tomar chimarrão!
Acho que deu 30 min e a bolsa rompeu e foi vazando aos pouquinhos. As contrações começaram  a vir, e a vir, e começou a crescer... acho que em 1 hora eu já estava alucinando! O Petrus ligou pra Ivanilde acho que lá pelas 2:00 da manhã! E assim fomos indo... eu dando uns gritos, dando umas cochiladas, xingando a dona Eva... imagina o que era o parto antes do pecado entrar no mundo! Só esperar que ia nascer, sem dor...
O Petrus deu uma ajeitada no espaço da sala. Não quis que fosse no meu quarto, para ter um ambiente limpo depois do parto pra ficar! Fizemos uns filminhos e eu já estava começando a surtar de tanta dor. AS 5:30 a Ivanilde e a Marília chegaram... ainda tinham se perdido no caminho pra Atibaia! A Ivanilde me mandou pro chuveiro com a bola e a Marília ficou comigo, ainda estava conseguindo conversar tranquilamente entre uma contração e outra. Acho que fiquei uma hora no chuveiro, sai e fomos fazer um toque. Estava com 7cm. Nossa isso me deu um alívio tão grande, tão grande, que se nascesse naquele momento estaria bem feliz!
Fui tentando tudo que é posição para me sentir confortável, de bunda pra cima, de joelho, de quatro, rebolando, pendurada no marido. Mas era tanto hormônio circulando no corpo que teve muita coisa que eu não lembro, e ficava o tempo todo de olho fechado me concentrando. Até que chegou o momento que eu não conseguia mais conversar. Acho que se alguém me dissesse que eu poderia plantar babaneira que nasceria mais fácil eu plantaria, queria que alguém pensasse e ajeitasse o meu corpo, estava começando a ficar cansada demais, e ainda não queria comer nada, pq já tinha vomitado o meu jantar e almoço do dia anterior.
Por volta das 9:30 já estava com 10 cm de dilatação, pensei comigo... daqui a pouco nasce! Beleza!
Que nada... e eu tentava isso e aquilo e nada do bb nascer... Me bateu o desespero! Parei no meio da sala, coloquei a mão no rosto e disse pra todo mundo: - Esse bebê não vai nascer?
A Ivanilde com a maior calma do mundo, disse que era pra eu parar de tentar qualquer posição. Todos deram as mãos, Petrus, Marília, Ivanilde e eu, e a Ivanilde fez uma oração. Pedindo que Deus fosse misericordioso e que encurtasse o meu trabalho de parto. E disse que eu tinha que relaxar e deixar a ansiedade de lado, que tudo estava indo bem e que o bebê nasceria ainda pela manhã.
Nessa hora eu só pensava que eu era louca por estar tendo filho em casa, que se estivesse no hospital com certeza eu já teria clamado pela anestesia... e que doia pra caramba, que não era tão orgástico como já havia lido muitas vezes! Cheguei a conclusão que o parto orgástico é para as mulheres mega-poderosas hehehehehe
A partir deste momento não lembro muito das coisas, fui para o chuveiro, mas até a água quente me incomodava, queria ficar deitada no colchão na sala. Fomos para lá, eu chegava cochilar entre uma contração e outra... que por sinal não se aproximavam de jeito nenhum, eram de 4 em 4 min. Então eu disse pra mim mesma... esse bebê vai nascer nem que eu me arrebente toda! A Ivanilde me instruiu a ficar fazendo tipo umas beliscadinhas no alto da barriga pra ajudar as contrações virem com mais freqüencia. Terminava uma contração e eu mandava ver nas beliscadinhas!
Mas meu colo inchou e a cabecinha vinha, batia no colo e voltava... Nessa hora eu vi estrelas, a Ivanilde teve que dar uma empurrada no dito cujo do colo, eu deitada, esperando a contração vir e ela ajustando o colo. Depois de umas três tentativas o colo tomou seu rumo para o lugar certo e eu já estava pronta pra parir... Não lembro de ter aquela vontade de fazer força, mas acho que ela veio, pq eu queria que o bb nascesse. O que eu lembro direitinho era o círculo de fogo... BAH, como se diz na minha terra! Aquilo ardia que eu pensei em jogar uma aguinha pra acalmar! Mas não deu tempo, em mais umas 5 – 6 contrações eu senti a cabeça passar e o corpinho saiu como quiabo! Eram 11:22!
Foi uma loucura! O Petrus estava me apoiando as costas, seatado no sofá e eu de cócoras no meio das pernas dele! Ele viu o sexo primeiro, era um Gurizão! Eu estava bem doida, só lembro que a Ivanilde disse, é um meninão! Peguei ele no colo, toda desajeitada, ele chorando, todo meladinho, uma delícia, só conseguia dizer que o amava muito e então, o abençoei!
O Petrus cortou o cordão, todo emocionado! Nossa, que experiência! O Lourenço foi enroladinho nas fraldas dele q tinham sido esquentadas no forno e depois ficou no meu colo... Mas não quis mamar.Com havia perdido bastante sangue, a Ivanilde achou melhor dar uma tracionada no meu colo pra placenta nascer de uma vez. E nasceu a casinha do meu bichinho! E ele bem tranquilo deitado no meu peito!
O Petrus foi para o quintal fazer 500 ligações, já que moramos longe da família e dos amigos. Ninguém acreditava que tinha nascido em casa! Eu passei mal no pós-parto,apaguei geral! A Ivanilde teve que me dar glicose na veia! E toda vez que eu tentava levantar... desmaiava. O Petrus me carregou pro quarto e lá eu fiquei até o dia seguinte para recuperar as forças! Estava tão doidona que não queria colocar roupa, só queria dormir um pouquinho e ficar com meu bichinho! Que nasceu ruivo, igual a tia Tati com 3150 kg, 50 cm, Apgar 9/10. Estou apaixonada!
Eis que depois de parir é preciso amamentar, mas este era outro processo!"

Um comentário:

  1. Ai amiga, nunca tinha lido seu relato de parto! Que lindo!!!! Como Deus é bom! Amo você e sua linda família! Nath.

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