No dia 27 de julho de 2012 nasceu a Amanda filha da Simone e do Francisco, tive o prazer de ser a parteira dessa linda meninha!! O Francisco, que gosta de escrever, redigiu um artigo, que reproduzo abaixo, esse artigo foi publicado no dia 31/08/12 no jornal Folha da Região que circula em Araçatuba e região, no interior do estado de São Paulo. O artigo foi muito comentado e elogiado.
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Muito tem se falado sobre o parto
humanizado hospitalar e sobre o parto humanizado domiciliar, tendo inclusive o
Ministério da Saúde criado um programa, a Rede Cegonha, que incentiva tais
práticas, mas o que seria o parto humanizado? Estudos psicológicos indicam que
o parto é o maior trauma na vida de um ser humano, maior até que a própria
morte, o parto humanizado tem como objetivo tornar esse momento único o menos
traumático possível, para a mãe e para o bebê. Analisando, hoje a maioria dos
nascimentos no Brasil ocorre por meio de uma cirurgia cesárea eletiva, ou seja,
com data marcada, atingindo índices superiores a 80%, na rede particular,
quando o recomendado pela OMS é de até 15%.
O personagem principal em um
nascimento é o bebê, durante o tempo em que ficou no útero materno ele cresceu
e se desenvolveu, e a natureza, sabiamente, avisa a hora em que ele deve
nascer. O corpo da mulher se prepara e se modifica para esse momento, vale
lembrar que o parto é um evento da natureza, não foi inventado, diferente da
cesárea, que alguns insistem em chamar de parto, mas eu digo é uma cirurgia que
foi inventada pelo homem e somente há aproximadamente 100 anos é que foi
aprimorada. É comum relatos de crianças retiradas do útero materno de forma
eletiva e que já saem arfando, com dificuldades respiratórias, que carregaram
para o resto de suas vidas com problemas correlatos como asma, bronquite e
alergias, tendo em vista ser o pulmão o último órgão a se desenvolver.
Infelizmente a nossa cultura tornou
o parto um evento de dor e sofrimento para a mãe, e convencionou-se dizer que a
cirurgia cesárea é isenta dessas intempéries, porém vamos aos fatos, no parto
domiciliar humanizado a mãe está no seu lar, um ambiente calmo, e que lhe
transmite conforto e segurança, ela tem o apoio emocional do marido e
eventualmente de uma doula, o nenê nasce sob uma iluminação amena, é colocado
sobre a mãe coberto com panos quentes e mama à vontade, a criança nasce na hora
certa, a mãe tem a “dor” do parto e nascida a criança já não sente mais nada.
Já na cirurgia cesárea a mãe e o médico, sem consultar a criança, marcam o dia
e a hora da cirurgia, e a criança é tirada do útero da mãe, que está
anestesiada e muitas vezes não “vive” aquele momento, sob intensa luz levada para
longe da mãe onde lhe introduzem tubos na boca e nariz para aspirar o liquido amniótico
dos pulmões, procedimento desnecessário em um parto, pesam, medem, “limpam”
retirando o vérnix caseoso, substancia que recobre a pele do bebê e é rica em
nutrientes, importantíssima para aquele momento, vestem a criança e levam-na
para a vitrine, conhecida como berçário, onde ele ficará sozinho, longe da mãe,
que o acompanhou ininterruptamente nos últimos nove meses, que está em
recuperação e assim permanecerá com pontos, dores e incômodos pelos próximos
quinze ou vinte dias.
Hoje, um mês depois do nascimento
da minha filha, de parto domiciliar humanizado, depois de mais de dois anos
pesquisando e estudando sobre parto, nascimento, benefícios imediatos e
futuros, posso afirmar que a epidemia de cesárea que assola o Brasil é
preocupante e terá sérios impactos em toda a vida das gerações futuras.
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