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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Vídeo: Programa Sem Censura sobre Parto Humanizado e Domiciliar




O programa Sem Censura, da TV Brasil, recebe a roteirista Renata Dias Gomes para falar sobre parto normal.
A enfermeira obstetra Heloisa Lessa vem ao programa para explicar como funciona o parto humanizado.
Ricardo Chaves, que é pediatra, conta os benefícios desse tipo de parto.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Vídeo: Programa Brasil das Gerais sobre Parto em Casa

O programa Brasil das Gerais aborda um assunto que tem criado muita polêmica: o parto em casa. Roberta Zampetti discute a possibilidade de se ter um filho fora do hospital, as possíveis complicações e os pontos positivos.





sábado, 16 de junho de 2012

Vídeo: Saiba os benefícios do parto domiciliar e conheça a marcha em prol da causa



Com o objetivo de trazer visibilidade para a questão do parto domiciliar, neste domingo acontece em todo o país a "Marcha do Parto em Casa". A obstetriz Ana Cristina Duarte esteve em nossos estúdios e discutiu assuntos como a humanização do parto, o respeito pelo desejo da parturiente e os benefícios que a prática oferece.



Neste segundo bloco, a obstetriz Ana Cristina Duarte fala sobre a questão do parto no Brasil, país que bate recordes de cesariana por ano. Segundo a profissional, o parto normal se torna inviável financeiramente devido ao modelo de negócios dos hospitais particulares.



Neste terceiro e último bloco, a obstetriz Ana Cristina Duarte fala sobre sua história como parteira e conta um pouco sobre alguns bebês que viu nascer, dentre a cerca de 600 crianças que ajudou a trazer ao mundo ao longo da jornada.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Vídeo: Parto Domiciliar no programa Mulheres, da TV Gazeta

No dia 15/06/2012, o Programa Mulheres da TV Gazeta realizou ao vivo uma entrevista com a Sabrina, moça que protagonizou o vídeo de parto humanizado mais acessados da internet, e a equipe do grupo Samauma, que acompanhou seu parto domiciliar (Ana Cristina Duarte, obstetriz; e Lara Gordon, Doula).

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Matéria: “Muitos médicos se sentem ameaçados pelo fato das enfermeiras poderem fazer partos”


O médico Jorge Kuhn diz que prestígio e interesses financeiros de médicos são afetados pelo parto humanizado domiciliar.
Jorge Kuhn, coordenador do Departamento de Obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo, falou com a reportagem de Fórum sobre sua posição em relação ao parto humanizado domiciliar e as condições para que ele seja realizado. O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) encaminhou denúncia ao Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo), por conta de uma entrevista concedida por ele no último domingo, 10, ao Fantástico, o que pode valer a cassação do seu registro profissional. Confira trechos da entrevista abaixo.
Condições para o parto domiciliar humanizado
Como afirmei ao Fantástico, apoio a iniciativa do parto humanizado desde que tenha três condições básicas. A primeira condição é que o desejo parta da mulher e do marido. Essa é a condição fundamental. O parto domiciliar não é uma sugestão do profissional de saúde, ou seja, médico, enfermeira ou parteira. A iniciativa tem que partir sempre da mulher, ela vai dizer “doutor, eu quero fazer o meu parto na minha casa”, aí eu aprofundo a conversa perguntando para ela o quanto ela quer este parto domiciliar e o motivo deste desejo. Vou aprofundando as perguntas como se fosse uma árvore, que você começa com uma pergunta e, a partir da resposta, tem os galhos que vão se ramificando.
A segunda condição é uma gestação de absoluta normalidade. Ela não pode ter nenhuma intercorrência, nenhum problema de saúde, nem ela e nem o bebê. Qualquer intercorrência durante a gestação deve levar o parto a ser hospitalar. É a chamada gestação de risco.
O terceiro ponto é que, por ser uma gestação de baixo risco e haver a possibilidade de se transformar em uma gestação de alto risco durante o parto, pode haver uma necessidade de remoção, do transporte materno ou do bebê para um hospital, então é fundamental que ela tenha um plano B. Ou seja, um hospital de referência que fique a menos de 20 minutos da sua residência. Para isso, costumo dizer assim: faça o trajeto da sua residência ao hospital X num domingo de manhã, de trânsito livre, para você ver o percurso mais rápido, e faça esse mesmo trajeto numa sexta-feira no começo da noite, para ver o tempo do percurso mais lento. Assim, ela pode achar um hospital que tenha toda a infraestrutura necessária para uma operação cesariana de emergência ou para uma necessidade de uma UTI, tanto para a mãe quanto para o bebê.
Denúncia do Cremerj
Acho que existem muitas variáveis que podem estar envolvidas. Veja bem, “podem” estar. Quem sou eu para analisar isso, afinal, não participo dos conselhos, já participei do Cremesp e de uma entidade chamada Câmara Técnica da Saúde da Mulher, mas não posso saber sobre a atual legislatura . Ainda não recebi a denúncia, então não sei no que eles se baseiam para me denunciar. Mas, de qualquer forma, nós sabemos que de uma maneira geral médicos não querem que enfermeiras atendam partos. De uma maneira geral, lógico que existem exceções, como eu e muitos outros.
Mas eu não estou sozinho. Não invento nada, não sou nenhum criador ou gênio. O que falo é produto de muita leitura, baseado em evidências científicas de primeira qualidade e também na minha experiência pessoal. A OMS já preconiza desde 1985 que o parto é um evento natural na imensa maioria das vezes, digamos, 90% das vezes, e a mulher não precisa do médico para parir. É um ato fisiológico, é um ato natural. Quando você tem duas ou mais profissões que podem fazer a mesma tarefa, no caso, médicos, enfermeiras e parteiras, vai haver conflitos de interesses. Não só de prestígio, como interesses financeiros. Acredito sim que muitos médicos se sentem ameaçados pelo fato das enfermeiras poderem fazer partos.
Doulas, médicos e enfermeiras
Para dar um exemplo, existe a figura da doula, que é uma acompanhante. Não é uma profissão, e sim uma ocupação, reconhecida pelo Ministério do Trabalho. Não tem sindicato nem lei do exercício profissional. Existem doulas que estão tão bem na sua ocupação que ganham quatro vezes mais que um médico para atender um parto. Isso causa no mínimo uma estranheza na classe médica. Uma profissão que não é profissão, uma ocupação, que exige evidentemente muita dedicação, não tem hora, dia ou lugar para a mulher entrar em trabalho de parto.
É uma ocupação muito difícil. É preciso gostar muito do que faz, mas ela pode ser melhor remunerada que o médico. Da mesma forma que os médicos não aceitam enfermeiras para realizarem partos, muitas enfermeiras não aceitam doulas para atender partos. Não estou dizendo que a doula vai realizar o parto, e sim apoiar. Quem pode atender uma mulher em trabalho de parto, no hospital ou em casa, é o médico, a enfermeira ou a parteira. Mas a doula é uma figura fundamental, ela fica ao lado da mulher o tempo todo dando o apoio afetivo e emocional. Acho que sim, há interesses mercantilistas, porque muitos médicos se sentem muito incomodados com essa situação, assim como muitas enfermeiras se sentem muito incomodadas com o fato de doulas acompanharem partos, porque vão ganhar por isso.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Encontro Nacional de Parteria Urbana 2012


MENSAGEM DO PRESIDENTE

Os projetos internacionais de humanização do nascimento tendem a direcionar seus esforços numa direção cada vez mais nítida: o resgate do protagonismo da mulher nos eventos que cercam o nascimento. A posição passiva da gestante diante do processo do parto é algo que não se admite mais em numa sociedade que se pretende plural e democrática. Não podemos mais admitir mulheres tuteladas ou caladas, em que seus desejos não sejam acolhidos e respeitados. Uma mulher, consciente de seu corpo, seus direitos e norteada pela informação de qualidade, tem o direito de escolher o local onde deseja parir, da mesma forma como escolhe o pai de seus filhos e o nome que eles terão. A sociedade, através dos atendentes qualificados para a assistência ao parto, tem o dever de oferecer às… gestantes as melhores condições para um nascimento com segurança, de acordo com a vontade soberana expressada por elas. É papel dos órgãos formadores a capacitação dos profissionais para todas as circunstâncias que cercam este evento.
Diante da necessidade de normatizar a atenção domiciliar ao nascimento e trazer esta discussão à tona através de uma abordagem científica e baseada em evidências, o NUCLEO DE PARTERIA URBANA da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento (ReHuNa) – Brasil, em conjunto com Movimento de Apoio à Humanização do Parto em Sorocaba (MAHPS) promoverá o I Encontro Nacional de Parteria Urbana (ENAPARTU)
Nos dias 27 a 29 de julho 2012 estaremos reunidos na cidade de Sorocaba – SP para debater e aprofundar as questõers relativas à parteria domiciliar urbana, incluindo um amplo debate dobre Medicina Baseada em Evidências e a participação interdisciplinar dos atores envolvidos na assistência ao parto no Brasil.
Convidamos a todos os interessados em um nascimento digno, respeitoso e cientificamente embasado que juntem-se a nós nesse esforço pela transformação do parto no Brasil.

Um grande abraço,

Ricardo Herbert Jones
Presidente do I ENAPARTU
Núcleo de Parteria Urbana – ReHuNa

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Arte de Nascer

O nascimento é uma operação simples nos países com menores taxas de mortalidade e de complicações pós-parto, como Japão, Holanda, Inglaterra e Suécia. Já o Brasil sofre excesso de medicalização: as maternidades privadas parecem hotéis ou empresas. São raros os obstetras que "permitem" à mulher assumir a posição que quiser para dar à luz.


por Ieda Estergilda de Abreu
Revista Planeta Terra


Ter filhos sem intervenções, com poucos medicamentos, sem anestesia ou cortes na região perineal, a grande maioria das mulheres, sem dúvida, consegue. Ao longo da história foi assim. Gravuras antigas mostram mulheres ajoelhadas, de cócoras ou em banquinhos baixos, com as costas na posição vertical. Até o começo do século passado, muitas preferiam a assistência da parteira, tida como mais segura e conveniente. O parto horizontal foi introduzido sob a influência da escola obstétrica francesa, liderada por François Mauriceau. Desde que ele passou a ser hospitalar, feito somente pelos médicos, as opções foram restringidas a parto natural ou cesariana, a verticalização foi substituída pela posição ginecológica e o corte embaixo passou a ser realizado sem questionamentos.
A simplificação desse atendimento começou na Europa e nos Estados Unidos e veio para o Brasil nos anos 1950. Hoje, 80% dos partos realizados nas maternidades particulares e 27% dos realizados nas maternidades públicas são cesáreas, contrariando a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de não ultrapassar a taxa dos 15%.
Mas, mesmo com toda a tecnologia dos hospitais, a cesárea ainda é considerada uma intervenção de risco. Não é à toa que existe um movimento pela retomada do parto natural promovido por obstetras preocupados com o excesso de medicalização e por grupos de mulheres que reivindicam melhores condições para ter seus bebês.
“Quando bem utilizada, a tecnologia reduz efetivamente a morte de mães de bebês, mas o excesso de intervenções acaba gerando mais malefícios que benefícios”, diz a médica epidemiologista Daphne Ratter, professora do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília, que alerta para a ocorrência de uma inversão. “Quando se ultrapassa e se começa a utilizar uma tecnologia indicada para casos de risco em pessoas que não têm risco nenhum, o mais provável é que se induza ao surgimento de um problema onde ele não existia.”
Na verdade, há várias técnicas graduais de parto amigável e participativo para mulheres que desejam compartilhar o nascimento dos seus filhos.

Leboyer | O obstetra Frédérick Leboyer, ainda ativo na França, foi um dos pioneiros na defesa de uma forma menos violenta de nascer e da importância do vínculo mãe-filho no parto. Introduzido no Brasil em 1974 pelo médico Claudio Basbaum, do Hospital São Luiz, em São Paulo, o parto Leboyer é feito com pouca luz, muito silêncio e massagem nas costas do bebê, que não recebe a famosa palmada “para abrir os pulmões”. Além disso, o primeiro banho é feito próximo à mãe e a amamentação precoce é estimulada. O foco é o recém-nascido.
Nesse tipo de parto, a mulher continua deitada de costas, com as pernas apoiadas em estribos, e é realizada a episiotomia, uma incisão no períneo (a região muscular entre a vagina e o ânus) para ampliar o canal do parto, em geral com anestesia local.

De cócoras | Sob o foco da liberdade de movimentos para as mulheres, o parto de cócoras ou ativo é bem aceito. Mais rápido, dado o auxílio da gravidade, é mais saudável para o bebê e evita a compressão de importantes vasos sanguíneos, o que acontece com a mulher deitada de costas. Agachada, ela pode se apoiar nos ombros e nos braços do companheiro, que exerce papel decisivo tanto físico quanto psicológico.
A técnica é indicada para mulheres que tiveram gravidez saudável, sem problemas de pressão e também se o feto estiver na posição cefálica correta (com a cabeça para baixo). O médico curitibano Moysés Paciornik (1914-2008) promoveu essa modalidade no Brasil inspirado nas índias da tribo caingangue. Juntamente com seu filho, Cláudio Paciornik, inventou uma cadeira para ser usada em hospitais que permite várias posições para a mãe.
Em Londres (Inglaterra), a educadora perinatal Janet Balaskas lidera um movimento pelo parto ativo trabalhando com gestantes em aulas de ioga. Após anos de prática, ela observa que depois da preparação física e psicológica raramente ocorrem depressões pós-parto, problemas com a amamentação ou com a recuperação da parturiente. Para Janet, a grávida tem de esquecer o calendário de papel e se concentrar no calendário do seu corpo.

Protagonismo | Para o Ministério da Saúde, “parto humanizado” significa o direito de toda gestante passar por pelo menos seis consultas de exame pré-natal e ter seu lugar garantido em um hospital na hora do parto.
Para a Rede Brasileira pela Humanização do Nascimento e ONGs como Parto do Princípio (São Paulo, SP), Bem Nascer (Belo Horizonte, MG) e Despertar do Parto (Ribeirão Preto, SP), trata-se de devolver à mulher o protagonismo do parto, “fortalecendo a capacidade de parir”, enfatiza a médica Daphne Ratter. Os defensores do movimento entendem a gestação e o parto como eventos fisiológicos perfeitos, nos quais apenas 15% a 20% das gestantes apresentam problemas, necessitando de cuidados especiais. Cabe ao médico acompanhar, interferindo em caso de real necessidade.

Na água | “Para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer”, diz o obstetra francês Michel Odent, teórico do parto humanizado. Precursor do home-birth (parto domiciliar) e do parto na água, praticado em banheiras especiais ou improvisadas, o obstetra introduziu a utilização das piscinas aquecidas nas maternidades, permitindo que as mulheres parissem acompanhadas.
Estudos científicos comprovam que o uso da água quente combate a tensão e a dor e ajuda na dilatação do colo do útero. O bebê nasce de forma mais suave e o períneo da mãe ganha maior flexibilidade. Segundo Odent, durante o processo de parto, tanto a mãe como o bebê atingem taxas hormonais específicas ao mesmo tempo. Todos esses hormônios, antes de serem eliminados, têm uma função muito particular imediatamente à primeira hora após o nascimento. Esse início de vida é o momento chave, o que acontece pode vincular bem a mãe ao bebê, ou não.

Natural, sem dor | Com a popularização das questões ecológicas e a retomada de uma vida mais saudável e espiritualizada, muitas mulheres passaram a optar pelo parto natural. Quase idêntico ao normal, ele dispensa intervenções como anestesia e indução. O médico apenas acompanha a movimentação da mulher, no hospital ou em casa.
O parto normal é a forma convencional de dar à luz, mas não precisa ser doloroso. Anestesias como a peridural e a raquidiana aliviam as dores sem impedir que a mãe participe. A anestesia bloqueia a dor, mas também diminui as sensações das pernas e do assoalho pélvico, responsáveis pela força que a mulher faz na hora de “empurrar” o bebê. Comparado com a cesariana, o parto natural evita complicações como hematomas, dores pélvicas e infecções e diminui muito o tempo da recuperação.
Parto sem dor é um termo que remete aos métodos psicoprofiláticos (que usam a palavra como anestesia). Eles propõem treinamento preparatório às gestantes, baseado em técnicas respiratórias, de relaxamento e de concentração. Um dos mais conhecidos é o Lamaze, que surgiu na Rússia e foi difundido por todo o mundo pelo médico francês Fernand Lamaze.
Não há dúvida de que uma mulher bem preparada e bem acompanhada durante todo o processo, entendendo o mecanismo simples do nascimento, pode ter muito menos dor do que uma mulher assustada e tensa.



MULHERES TÊM FORÇA

A índia shawãnaua Francisca das Chagas, 59 anos, mora no vale do Juruá, no Acre, e é parteira tradicional. Desde 2006 ela vem a São Paulo divulgar seu trabalho e experiências e realizar partos. Com 11 filhos e 10 netos, todos nascidos sob suas mãos, Francisca aprendeu com os pais e os avós o ofício de ajudar a nascer, junto com o preparo e o uso medicinal das plantas da floresta amazônica.

Começou com 15 anos, na aldeia, fazendo o parto da cunhada. Desde então, trabalha para melhorar a saúde e a qualidade de vida das gestantes e dos membros da comunidade.
Enquanto faz massagens na barriga das parturientes, ajeitando o nenê, Franscisca conversa com ele: ”Você ajude a sua mãe para ela ter um parto feliz e você ser feliz também.”
Francisca explica que no parto de cócoras, com o marido segurando por trás, “o nenê desce mais rápido, não é como a mulher deitada na maca do hospital.”Nessa posição, quando dizem para ela fazer força, em vez de a força ser para baixo, é para cima. O médico diz que ela não tem força e aí corta, mas ela tem força, sim. Só não está na posição correta.”
Durante a gestação, a parteira receita banhos de assento feitos com folhas do algodão roxo e de capeba, que a mãe deve tomar até entrar em trabalho de parto, para ajudar na dilatação do útero. A partir do sétimo mês, ela também deve começar a tomar florais, como o da vitória-régia, que ajuda a lidar com o medo e a ansiedade, reforçando sua resistência física e emocional.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Matéria: O bebê chegou, em pleno aconchego do lar

Na tarde do dia 31 do mês passado, por volta das 16 horas, a enfermeira-obstetra Ivanilde Marques da Silva, de 46 anos, dirigiu-se à casa do casal Fabrício e Elinezia Sena, na Vila Prudente, zona leste. Ele é designer gráfico e ela, educadora.
Line, como a parturiente gosta de ser chamada, havia entrado em trabalho de parto. Davi só viria ao mundo na manhã seguinte. Caso já estivesse entendendo as coisas, Davi iria notar que havia nascido na própria casa.
Naquele dia, a enfermeira Ivanilde estava completando seu 36.º parto domiciliar. É pouquíssimo perto dos cerca de 10 mil que teve a oportunidade de fazer nos hospitais durante seus 25 anos de carreira. No entanto, trata-se de um número que tende a crescer, pois a prática está se disseminando entre os casais.
Tudo indica que se trata de uma reação das mães à utilização indiscriminada da cesárea no Brasil. Line é uma delas. Ao engravidar pela primeira vez, procurou se informar sobre o parto domiciliar por meio de reportagens, vídeos e nos sites de organizações não-governamentais (ONGs) que abordam o assunto.
 
Coragem – A julgar pela reação do marido, Line estava bem municiada. "Vi que o parto domiciliar com acompanhamento técnico é seguro e que, acima de tudo, deixamos a natureza agir", afirma. Mas Line também teve que enfrentar reações adversas. "Muita gente me chamou de louca; outros, de corajosa", diz ela. "Não se tratava de coragem, mas de falta de informações deles a respeito. Coragem é você ir para o hospital sabendo que vai ser cesárea".
É importante ressaltar que essas declarações do casal foram feitas durante a preparação para o parto acima referido. Fabrício, por exemplo, estava concentrado em massagear Line e monitorar a água quente armazenada na piscina de plástico armada no meio do quarto, sussurrando de tempo em tempo para a esposa respirar.
"Respire, Line, respire", recomendava. Tais cenas, que guardam forte apelo de afetividade e simplicidade, são coerentes com as correntes que defendem o parto como um evento biológico natural, sem qualquer caráter patológico, no qual estaria inserida equivocadamente a cesareana, muitas vezes desnecessária.
"Há cada vez mais mulheres com gestação de baixo risco, condição essencial, aliás, para o parto domiciliar, que estão preferindo dar à luz em casa", esclarece a enfermeira Ivanilde.
Segundo levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é um dos campeões em cesareanas no planeta. Aqui, conforme números da Pesquisa Nacional de Demografia da Criança e da Mulher, as cesáreas foram praticadas em 44% dos partos no ano de 2006. Nos hospitais da rede privada, a quantidade disparou: 81%.
Na Maternidade Santa Joana, na capital paulista, a taxa bateu nos inacreditáveis 92,25%. Isso significa que, dos 7.114 partos registrados ao longo do ano, apenas 550 foram normais. A recomendação da organização é de que não passem de 15% em um país.

Riscos – Na verdade, a cesareana implica maiores riscos de complicações do que o parto natural. É que, como toda cirurgia, está sujeita aos acidentes operatórios, questões de anestesia e infecções pós-parto e hospitalares.
Ela também interfere na formação dos primeiros vínculos emocionais entre mãe e bebê, dos quais participam os cuidados maternos iniciais, uma vez que a mulher estará sedada e depois em recuperação.
"A cesárea pode salvar a mãe e o recém-nascido. Mas, se mal indicada, traz complicações e aumenta o risco de morte materna e neonatal. É uma evidência científica", adverte o médico Adilson França, que coordena o Pacto Nacional pela Redução de Mortalidade Maternal e Neonatal no Brasil.
Os defensores do parto domiciliar apresentam argumentos consistentes. Um estudo da British Columbia University, do Canadá, examinou partos domiciliares no período entre 2000 2004, em comparação com partos hospitalares cujas parturientes tinham condições de parir em casa.
Acresce que o mesmo grupo de parteiras foi utilizado nos dois casos. No primeiro, o índice de mortalidade perinatal foi de 0,35 por mil. No segundo, 0,57. Por outro lado, as mães do parto domiciliar sofreram menos intervenções obstétricas.
Além disso, o número de manobras de reanimação ou terapias com oxigênio nas 24 horas iniciais foi menor nos seus bebês. Na Holanda, onde 40% dos nascimentos ocorrem em casa, o sistema de saúde somente cobre despesas com partos cirúrgicos quando há indicação médica. Entre nós, lembra a parteira graduada Marília Largura, cesareana, há algumas décadas, só era feita quando devidamente justificada por patologias.

Interesses – De acordo com a cientista social Sonia Hotimsky, professora da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, o ensino médico contribui para as distorções. Para fazer sua tese "A Formação em Obstetrícia: Competência e Cuidados na Atenção ao Parto", Sonia pesquisou duas importantes faculdades de medicina da Capital, cujos nomes não revelou por razões éticas, e fez constatações preocupantes.
Cesáreas, por exemplo, são adaptadas aos interesses profissionais, de modo que não haja paciente em trabalho de parto no momento da troca das equipes nos plantões, fato que tumultuaria a realização do rodízio.
Os professores, por sua vez, repassam os procedimentos conforme sua experiência pessoal: apegados a métodos antigos, raramente citam artigos ou outros conhecimentos recentes relativos à assistência ao parto normal.
"Nos Estados Unidos, a Associação de Professores de Ginecologia e Obstetrícia trabalha para padronizar o currículo e implementar condutas éticas em relação ao paciente. "Aqui importa mais a experiência pessoal dos professores", lamenta Sonia.

Parteira – O menino Davi nasceu exatamente às 7h30 da manhã de 31 de janeiro. Veio com três quilos, direto das mãos da parteira para o colo da mãe. Em menos de 30 segundos ele abriu os olhos e começou a respirar. O pai cortou o cordão umbilical.
Davi mamou e dormiu. Somente foi medido, pesado e examinado após o primeiro sono. Três dias depois a enfermeira Ivanilde fez a primeira visita pós-parto e estava tudo bem.
"O parto domiciliar é emocionante. Mas, mesmo com essa emoção, nossa escolha foi guiada pela razão", disse Line, a nova mamãe.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Participação no programa Sempre Mulher da TV Novo Tempo

Vídeos do primeiro programa da série abordando sobre profissões. Neste programa conversamos um pouco sobre o profissional de enfermagem com a participação da Enfermeira Obstétrica Ivanilde Rocha.


(A entrevista sobre o parto domiciliar, com depoimento da Andressa que pariu em casa duas vezes, está no 3º bloco, no último vídeo abaixo)