sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Relato de Parto - Bianca, Déo e Joana

"O tampão começou a sair dia 10/12; eu não tinha notado.
Na, 2ª visita, a parteira, Ivanilde, me avisou após fazer um toque, que a dilatação, estava em 1,5cm. Fui ao médico, dei uns passeios, namorei, mas algo me dizia que ainda não era hora – já passávamos das 40 semanas. Saia uma coisa amarelada e com consistência de catarro... Sentia contrações irregulares no fim do dia. Na sexta feira, dia 15/12/2007, resolvi ir na 25 de Março com minha filha mais velha (2 anos e meio). Fui de manhã e à tarde. Andei horrores.
E a noite, as contrações estavam uma beleza... Como estava cansada, nem tive pique pra namorar. No fim do dia fomos à casa da sogra; subi e desci várias escadas. Meu sogro matou meu desejo de comer panqueca com geléia. Fizemos várias outras coisas, entre elas, ir ao shopping lotado abarrotado, comprar alguns presentes de natal.
A semana seguinte se iniciou e, confesso que tinha me prometido deixar rolar. Fazer o que podia e deixar meu corpo agir conforme fosse. A Ivanilde – parteira – me ligava sempre, pra saber como estava e, eu sempre dizia na mesma... No decorrer da segunda feira, 18/12, senti algumas contrações bem legais. Fui fazer um ultra com doppler a pedido do médico.
Andei pela Paulista... Chegando em casa, notei que as contrações vinham de hora em hora e depois de 40 em 40 minutos. Mas daí não passava, eu ia dormir e pronto.
19/12 - O tampão agora estava saindo em maior quantidade e com raios de sangue. A parteira ligou e falei, ela disse que estava no início de tudo. Pensei,devem ser os prodómos. Fui na Paulista de novo, dessa vez pra buscar o resultado do exame. E,novamente andei. 
Na quarta, dia 20, voltei no médico pra levar o exame, e saí com outra requisição pra repetir o exame no Sabádo.Senti que as contrações estavam de hora em hora de novo. Nem me animei.
Comentei com o Déo e ele já queria ligar pra Ana Cris e pra parteira, mas eu não deixava, eu sabia que era só o começo. O Déo e a Alicia queriam comer carne, fomos a uma Churrascaria. Lá, senti que as contrações vinham de 30 em 30 minutos. Mas estava tranqüilo, estava sentada, respirava, comia. Comi muita salada, bebi muito suco. Fomos pra casa e as contrações ainda ficaram por mais um tempo. O Déo ficou marcando, mas o intervalo foi aumentando... falei pra gente dar uma namorada e depois dormimos. 
Acordei na madrugada da quinta-feira, 21/12, umas 04h a.m. Fui aobanheiro e achei estranho.Pensei,será?? Voltei pra cama. Começaram umas contrações bem legais. Falo legais, porque pareciam cólicas de ir ao banheiro. Notei que estavam vindo em um curto espaço de tempo. Me deu uma fome fora do normal.Tomei 2 iorgutes. Não conseguia mais domir, fui pra sala e liguei a tv. Zapeava os canais entre as contrações. Não marcava,mas sentia que estavam ficando próximas. Nesse meio tempo, fui no banheiro mais umas 2 vezes e o tampão saia mais e mais. Aí pensei; tá acontecendo. Era um misto de excitação e ansiedade. O Déo acordou. falou que ia ficar comigo, mandei ele dormir, ele não foi. Disse que ia ligar pra Ana Cris, pra parteira, eu não deixei. Falei pra ele começar a contar, que depois eu decidia quando ligar. Porque pra mim ainda não era a hora, ou mesmo tinha medo da coisa parar de repente.
Acabei vomitando o que tinha comido.  Ás vezes eu gemia, rebolava, ficava sentada no pufe, andava e acocorava. O Déo brincava e eu me irritava. A Alicia ainda dormia – já passavam das 07h30 am. Mandei o Déo ir comprar pão; ele falou que ia ligar pro povo, eu disse que ligava.
Senti que a intensidade estava aumentando, mas morria de medo de tudo parar de repente.
Não liguei p/ninguém, só me concentrava. O Déo voltou, ligou para a Ivanilde – parteira, que deu uma bronca, pq era pra ele ter ligado antes. Falou que ia ligar pra Ac, falei que ainda não, queria esperar a parteira e ter certeza q estava em trabalho de parto mesmo. Ele ligou pra mãe dele, pra ela vir ficar com a Alicia, que a essa altura já tinha acordado e o Déo comunicado que a irmã ia nascer. Ela nem foi falar comigo. Falei pra ele que se a mãe metesse no processo eu mandava ela embora.
Senti uma vontade incontroável de dormir. Era um sono sem fim. Avisei ao Déo que ia cochilar. Fui pra cama, deitei de lado e cochilava entre as contrações. 
A Ivanilde chegou, eu estava na cama deitada; ela fez um toque – 4/5 cm – e perguntou como eu aguentei sozinha. Não conseguia falar, dei um sorriso e pronto. A parteira era uma animação só. Eu me concentrava, esperava a próxima concentração e tentava uma posição legal. 
Déo começou a arrumar o apto. Me dando mais espaço, forrou a cama e dava assistência à Alicia. Nas contrações eu rebolava, ficava em pé, me curvava; já não conseguia mais me acocorar. E eu que pensava que ia parir de cocóras...
O calor era insuportável e, eu ODEIO calor. Perguntei pra Ivanilde se eu podia tomar um banho rápido só pra me aliviar do calor. Ela disse que eu podia ficar mais se quisesse e, assim o fiz.
Ela pedia pra eu tentar me acocorar, mas eu não conseguia, me apoiava num banco e abaixava um pouco. Ouvi quando minha sogra chegou. Ela foi até o banheiro, não falou nada, me deu um sorriso confiante, era o que eu precisava.
Saí do banho falando que ia dormir mais. Mas pensava que poderia estar impedindo o TP, ao mesmo tempo que não conseguia controlar o sono. As contrações aliviaram um pouco, a parteira falou que era normal após o banho quente e tal.
A Ivanilde falou que ia ligar para Ana Cris, falei um não bem sonoro. Ela perguntou pq, eu balançei a cabeça e fui caminhar pelo apto. O Déo me fazia massagens junto com a Ivanilde, mas pedi pra parar porque não estava gostando.
Voltei pra cama e falei que ia dormir.
Nas contrações a Ivanilde colocava a mão na minha barriga – aquilo era bom – e falava essa foi forte, respiiiiiira. O Déo mexia no meu cabelo e falava que eu ia conseguir, que se eu quizesse desistir ela teria orgulho de mim de qualquer maneira. De vez em quando, minha sogra aparecia, não falava nada, mas eu sentia a presença dela e uma energia boa, era como se me fortalecesse. Eu só fechava os olhos e pensava – estou dilatando, estou dilatando!!!
Não conseguia nem beber água, me fizeram um chá beeeem doce; tomei,mas depois vomitei. 
Comecei a sentir vontade de fazer força, fui no banheiro, mas nada. A parteira sugeriu que eu ficasse no vaso, que era bom, ajudava, mas não consegui por muito tempo.
De agora em diante eu não lembro de tudo. A Ivanilde falou que estavam ficando mais longas e doloridas. E como eu estava com vontade de fazer força, ela ia fazer um toque. Eu sempre mandava ela esperar mais um pouquinho. O toque foi uma lenda, pedia para ela parar – até bati na mão dela. Pedi pra não fazer, pra esperar... Mas vi um sorriso nela e ela me dizendo que já estava com uns 8cm; falou que estava perto e perguntou se eu queria ir pro chuveiro de novo. Falei que ia tirar um cochilo e depois ia; e assim o fiz.
No chuveiro a força era animal... E eu adorava aquilo. Meu corpo funcionava, eu estava extasiada, feliz, ansiosa... Fiquei de quatro e sentada em cima das pernas. Fazia força involuntariamente, era algo maior que eu pensava – eu não conseguia não fazer força.
A parteira perguntou se eu ia parir ali sozinha; me lembro de dizer que não. Que ainda não ia ser agora. Déo perguntou se podia entrar, se eu queria q ele entrasse. Falei que não. Mesmo que eu quizesse o box, mal dava pra uma pessoa... ele perguntou pra Ivanilde se já ia nascer; ela disse que achava que não, que eu sabia quando fosse. Coloquei a mão em seguida e vi que não sentia a cabeçinha. 
A Ivanilde sentada na privada, minha sogra vinha e me olhava, conversava com a parteira.
Pediram pra eu sair do banho, urrei um já já. E haja força involuntária.
Lembro da Ivanilde dizer que eu queria parir sozinha.
Saí do chuveiro já falando que ia dormir. A cama estava preparada, o calor era demais. Eu me sentia cansada, pensava : - eu vou conseguir... Continuava fazendo força. Fiquei deitada do lado esquerdo, nas contrações o Déo me ajudava a levantar a perna direita.
A Ivanilde me orientava quanto a respiração. Era uma coisa louca, animal, instintiva, uma dor maravilhosa, algo sem controle...
O Déo segurava minha mão e falava que ia fazer força comigo. A Ivanilde falou tá aqui, passa a mão. Sem palavras, a sensação é louca, meus olhos enchem só de lembrar. Nisso, eu falei que ia tirar uma soneca de novo.  Sim eu dormi em pleno expulsivo, aliás, dormi quase o tp inteiro.
Não lembro em quantas contrações ela nasceu. Lembro do Déo mandando eu parar de fazer força e apertar a mão dele.
Escutei o choro de Alicia, parecia que tinha caído ou coisa assim. Depois minha sogra falou que quando a Joana coroou a Alicia começou a chorar compulsivamente. Acho que quando a cabeça tava saindo ouvi um, se quiser parar/descansar pode. O Dèo fechando minhas pernas; mas eu levantei e não dava pra parar. Uma queimação, uma vontade de fazer mais força, o Déo falou pra eu parar de fazer força e eu falava que queria fazer mais; ele disse pra apertar a mão dele... 
Eu vi a parteira pegando ela. Pensei caralho, ela nasceu, eu pari!!! 
Nasceu com uma circular folgada. Veio pro meu peito. Gemia baixinho. Ficou de bruços no meu peito. Eu chorava, o Déo tb; eu falava – eu consegui!!! Minha sogra entrou no quarto e tb chorava. Alicia após ganhar o “presente” que irmã tinha dado, ficou junto comigo na cama.
Eu cheirava a Juju e pensava, como esperei por isto. Ela mamou um tempo depois. Mas só queria dormir mesmo. Mandei pegar o celular, liguei pra minha mãe que não acreditou, me deu os parabéns por eu ter conseguido o que tanto queria. Ligamos pra alguns amigos.
Umas duas horas depois eu já estava de banho tomado e esperando as visitas.
Primeiro o sogro, os cunhados e afins. E depois a Thá, que era pra ter assistido o parto tb, mas tinha ido pra praia. 

Agora agradeço:
A Ana Cris. Porque se eu não a tivesse conhecido, conhecido seu trabalho, sua garra, força e luz, não tinha chegado aonde cheguei.
A Ivanilde. Que me saiu melhor que a encomenda, um amor de pessoa. Nossa ligação será eterna.
Ao Déo. Que me surpreendeu em todos os aspectos, que foi além de pai, um amigo e companheiro, que respeitou minha vontades e, como ele disse, que conseguiu junto comigo.
Minha sogra. Que se mostrou como sempre calma, serena e com muita energia, sabendo de que tudo daria certo.

Especial:
Á Thais, Simone e Soraia. Que sem elas eu teria desistido.Sem o apoio nos momentos de devaneios e loucuras eu tinha surtado. Sem o carinho, mesmo à distância,eu tinha pirado.
Nossa gravidez à quatro e parto foram fantásticos.
OBRIGADA"

Bom, agora vamos lá... a versão do Pai...

Vamos começar pelo começo, ou seja pela nossa primeira filha, a Alícia, nessa época, a gravidez da Bia foi planejada e bem planejada, apesar dos problemas financeiros que passávamos a época... não sei como nem onde a Bia ouviu falar sobre parto natural, na minha concepção, a mulher no período que antecedia o parto fazia as malas e ia para o hospital, se ia ser um parto normal ou não dependia das circunstancias... e da boa vontade do médico.
Como pai de primeira viagem fiquei meio incerto com a decisão dela, mas como ela dizia, a barriga era dela... Começamos a nos informar juntos, na internet, em encontros, e fiquei abismado com os números de cenárias realizadas por caprichos do médico ou da mãe, na época começamos a nos consultar nas casas de parto, fizemos um “curso” com a Ana Cris, foi interessante, pois nunca tinha visto uma criança nascendo, eu passei mal... Suava frio, eu jurava que ia dar um vexame, tinha vários outros casais.. Pensei que ia fazer feio quando a Bia precisasse de min, mas aprendi bastante, sobre o parto e seus procedimentos... 
Resumindo... a barriga da Bianca tava muito grande, ninguém acreditava que era apenas uma criança só que estava ali, muita gente achava que eram 2, 3 ... quando estava próximo do parto de Alicia, nós fomos na casa de parto, porém a parteira que nos atendia rejeitou a Bia pois disse que a barriga dela estava muito grande, fomos na outra casa e a parteira falou a mesma coisa... e pior falou que se nós não fossemos para o hospital nesse mesmo dia poderia acontecer alguma coisa com o bebe, bom como éramos pais de primeira viagem, nós fomos... Por volta das 9 da noite a Bia entrou na sala de cirurgia, ia ser uma cesária, e o pior o hospital não permitia que o pai acompanhasse a mãe durante a cirurgia, as 11 e pouco Alicia nasceu, eu não vi... e quase que eu não vi a minha filha, pois a enfermeira falou que estava muito tarde... eu negociei com ela e consegui segurar minha primeira filha por uns 20 segundos, minha mãe estava comigo, ela segurou ela por uns 15 segundos depois disso a enfermeira tirou a Alicia de nossas mãos... foi frustrante... Mas ela nasceu bem... Com uns 4,65 Kg.
Alguns anos depois a Bia descobriu que estava grávida, dessa vez não foi planejado, mas eu fiquei muito feliz... dessa vez a Bia decidiu que ia ser diferente, mas uma vez eu fiquei um pouco inseguro, um parto normal depois de uma casaria.... Mas ela já tinha decidido... Corremos atrás... Paralelamente do acompanhamento médico íamos aos encontros promovidos pela Ana Criz e a Bia falou que queria tentar parir em casa, eu pirei, fique mais inseguro ainda... e se desse algo errado, e se, e se, e se.... depois de muita preparação psicológica, estávamos os dois prontos para parir em casa, juntos, porém nada das contrações, quando elas vinham, eram irregulares... Próximo do final da gravidez, conhecemos a Ivanilde, a parteira, uma pessoa muito especial para nós e que foi fundamental no desenrolar dos fatos...
No dia D, a Bia acordou de madrugada, sem querer eu acordei com a movimentação, ela falou que eu poderia voltar a dormir, pois estava tendo algumas contrações e que até estavam ritimadas, mas ela não queria chamar ninguém ainda pois estava com medo que as contrações terminassem, não consegui voltar a dormir, nós ficamos juntos e comecei a contabilizar as contrações, quando elas engataram num ritmo legal, eu disse que ia chamar todo mundo, ela disse que não... Mandou-me ir comprar pão, lá fui eu na padaria comprar pão, aproveitei para ligar pra empresa e avisar que não ia trabalhar nesse dia... 
Quando eu voltei percebi que o negócio estava sério e que seria hoje, nessa hora caiu a ficha; liguei para a Ivanilde e pra minha mãe, a Ivanilde me deu uma bronca porque que eu demorei em ligar para ela, até a Ivanilde chegar eu fiquei com a Bia contando as contrações, tentando descontrair e ainda tinha que dar atenção para a Alicia; acho que ela sabia o que tava acontecendo. Não queria ficar com a Mãe, só comigo. Quando minha mãe chegou deu um help com ela, ora ela assistia vídeo, ora tv, brincava, mas estava bem arredia, acho que até essa hora eu não tinha comido nada, só uns calmantes a base de cevada....
Quando o negócio apertou, por volta das das 11:00 a Bia entrou no chuveiro, ficou lá algumas dezenas de minutos, quando ela saiu as contrações haviam diminuído porém após alguns minutos a dilatação havia dobrado, ela ficou lá na cama, na posição que a Ivanilde havia sugerido, em todos os partos que eu havia visto desde o dia que eu passei mal no curso da Ana Cris até os milhares que nós tínhamos visto no Discovery, eu nunca tinha visto um parto naquela posição. A Bia ficava deitada de lado, e quando vinham as contrações nós ajudava ela segurando sua perna e fazia força com ela...
Incrivelmente após as contrações a Bia conseguia tirar uns cochilos, lá pelas tantas eu perguntei se ela não queria desistir mas ela me mandou a merda, e pediu para não perguntar de novo. . . eu tentava descontrair nos intervalos das contrações, mas também não funcionava; por volta das 13:00 foi ficando mais forte, a Ivanilde me deu as últimas orientações sobre a hora do parto, se ela tivesse que dar uma atenção maior para a Bia eu que teria que estimular a Juju, ou se ela tivesse que dar atenção pra Juju o que eu teria que fazer com a Bianca, o quarto tava parecendo uma sauna, quando a Ivanilde falou que estava coroando nós dois tocamos a cabecinha dela, foi mágico, parece que a Bia ganhou mais força, algumas contrações depois a cabecinha dela saiu, e como a Ivanilde falou para ela não fazer força depois que saisse a cabeça para não lacerar, eu me concentrei em ajudar a Bia para ela não fazer força mandei ela apertar a minha não e nós conseguimos. Quando eu olhei de relance, vi a Joana nascendo e, foi maravilhoso, diferente da Alicia que eu só a segurei depois por alguns segundos, a Joana estava ali, do meu lado, no peito da mãe, agente chorava muito, a Bia dizia aos prantos: eu consegui... e eu pensava: Pô e eu? Eu nem passei mal nem nada...
Mas foi um momento muito mágico, a Alicia começou a chorar quando a Joana começou a nascer, e parou depois que eu fui falar com ela, quem cortou o cordão foi a minha Mãe, ela tambem chorou bastante, foi muito bonito, acho que não podia ter sido melhor, foi como nós sempre vimos na televisão... depois de um tempinho eu cortei a outra parte do cordão e a Placenta da Bianca saiu... Realmente foi uma dádiva divina, até hoje nós nos questionamos se o parto da Alicia não poderia ter sido como foi o da Joana...
Agora é só esperar o próximo.... num futuro não tão distante...."

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